segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Micro e Macro Cosmos


O que fazer diante de tanta violência, na presença de tantas situações de puro horror promovidas pelo ser humano? O que está acontecendo com as pessoas? O mundo está enlouquecendo?


Cada vez que apertamos o controle remoto da televisão ou abrimos as páginas dos jornais, o que temos diante dos olhos é uma realidade terrível que nos coloca frente à cruel verdade: o homem está hoje como estava no começo de tudo, à caça do próprio homem, seu maior e feroz predador.


A vida humana, os valores morais (digo do espírito), respeito ao próximo, gratidão pelo que nos foi legado pelos nossos ancestrais, a possibilidade de ver no outro um irmão, proteção e amor à criança, tudo isso parece texto de um filme de ficção. Na realidade o que temos presenciado é a constatação de que cada vez mais o homem está se esquecendo da sua condição de humanidade (a que o diferencia dos animais).


Filhos assassinam pais; pais assassinam seus indefesos filhos; mata-se por nada, por um olhar atravessado, por uma fechada no trânsito, por um motivo qualquer. A ação parece automática, como se não houvesse futuro, como se tudo no presente estivesse perdido, só valendo destruir, fazer sumir do mapa quem nos atrapalha em nossos desejos.


De quem é a culpa? O que estará acontecendo com o bicho homem, caminhando, a passos largos para a autodestruição.


A discórdia e cisão começam dentro do próprio ser humano, se estende à sua família, à sociedade, ao mundo. A guerra começa dentro de cada um e se expande, se alastra ao seu redor com mil tentáculos. Nem a ciência ou a religião consegue explicar tantas incoerências, tanta falta de inteligência.


O que sabemos é que tudo foi criado em opostos, em simetria, em perfeito equilíbrio. Assim o bem e o mal é condição sine qua non no ser humano, com a tendência daquilo que o predomina; principalmente porque ao longo de seu desenvolvimento lhe é transmitido um grande volume de informações, essencialmente no tocante a regras, moral, princípios enfim, embasados em religiões ou costumes, porém criados, elaborados pelo próprio homem ao longo dos séculos.


Por não ter esses assuntos, muitas vezes, bem entendidos no seu consciente, vai agir por instinto (id), acreditando ser auto defesa, com a perda total de controle. Acredito que muitos não tenham a imagem exata dos significados: - origem – Deus – como célula mãe – o Universo e não o acreditar em histórias, lendas criadas nas "escrituras sagradas", tentando buscar a compreensão de suas necessidades de significado – apenas uma literatura.

Não há dúvidas (pelo menos para mim) de que quando observamos a magnitude do universo, um céu de estrelas, se sente a existência de uma energia imensa, que está tanto nas grandes como nas pequenas coisas, que interagem e interdependem.


Na minha concepção somos uma micro célula que se origina da macro célula (o universo) com todos os seus componentes concentrados. Porém como fomos criados sob bases religiosas, que não passam de trajes ou uma forma de explicar o inexplicável, gravitamos em torno dessas práticas com as quais fomos orientados.

Por mim, sei que pelo menos nesta existência ainda não temos a capacidade de entender o que é Deus. (uma energia, um sistema, uma entidade...).


Acredito no planeta como um organismo vivo, pulsante onde todos nós somos células com diferentes finalidades, entrelaçados, dependentes do sistema e se desenvolvendo, evoluindo para chegar perto da verdade. Pela falta de clareza da real verdade, o fator consciência no homem é na maioria das vezes prejudicado, fazendo-se inverter valores, sentimento e quando a sensação de perda predomina por falta de estrutura mental, ele reage ferozmente, sem domínio. Neste instante o homem está totalmente desligado de todos os valores de conservação e preservação de si e do próximo, abandonando a confiança em um poder maior, (sob o prisma da "lei de causa e efeito"), perdendo a noção de obrigatoriedade de prestar contas, a algo que terá de responder cedo ou tarde.


O homem é totalmente falho em suas convicções e interpretações, o que resulta em ações equivocadas. O que se precisa efetivar, e isso só o tempo comanda, é que as pessoas têm que trabalhar a fraternidade de criaturas simples e imperfeitas no propósito de transformação do planeta. Não podemos ficar na indiferença. Os fatos falam por si. O mal tem predominado, porém não é invencível. O bem pode prevalecer. O importante é trabalhar como exemplo de si mesmo, afastando a alienação, os descaminhos, para que ao invés de copiar o ruim, sejam vistos e apreciados bons atos; isto se torne enfim uma sucessão de bons comportamentos, criando condições de efetiva mudança.


Deixaremos assim de ser presas das condições do meio, alimentados e alimentadores de uma sociedade caótica, sem sentido, pois apesar do caos instalado em todos os segmentos da mesma, o universo continua seguindo seu curso, sustentando a vida. Se não houvesse essa sabedoria que, até quando permite o sofrimento o faz para amadurecer o espírito, há muito os homens teriam conseguido destruir nossa civilização.


Acredite: uma tormenta que amedronta, quando acaba deixa uma atmosfera leve, refeita e agradável. Em casos de ações violentas, originados por desequilíbrio mental (obsessão ou outro distúrbio), o trauma tanto de quem pratica como de quem recebe a ação é um problema cármico, uma lesão sutil do espírito, que precisa de tempo para cicatrizar.


Não há quem não lute com alguma espécie de trauma na intimidade como: medo, timidez, insegurança, fragilidade...; o que pode "fornecer armas ao inimigo". É preciso aprender a lidar com as limitações e dificuldades. Assim devemos identificar em nós o ponto vulnerável e procurar fortalecê-lo. Para isto, em primeiro lugar, devemos aceitá-lo sem debruçarmos sobre ele, fermentando-o, para que não cresça, não se avolume.


Existem questões psicológicas tão complexas que não conseguimos dominar, em uma única existência. O importante é ter coragem, perseverança na luta contra os próprios defeitos, agradecendo a oportunidade de estar vivo, mentalizando pelo equilíbrio do espírito, para que mesmo com o livre arbítrio, tenha sempre consciência dos atos. Com razão e bom senso teremos sabedoria diante do que se apresenta aos nossos sentidos (todos eles).


Acredite: viver não é difícil. Difícil é entender as mensagens que a vida nos manda, observando que no final a decisão do nosso destino, do que realmente queremos é nossa, inteiramente nossa; com méritos ou não...

Um comentário:

Anônimo disse...

Suzeti, como sempre seus textos são abundantes e densos. Tal como Ingrid, você escreve muito e é interessante acompanhar a evolução do seu raciocínio. Destaco as partes que mais me tocaram:

...pelo menos nesta existência ainda não temos a capacidade de entender o que é Deus. Engraçado que discuti isso ontem numa reunião espírita. Não entendemos a divindade e, por isso, precisamos das metáforas e dos símbolos. Essa linguagem nos conecta por associação e, deste modo, podemos interagir com as energias que são, para a nossa mente, ainda confusas.

O importante é trabalhar como exemplo de si mesmo, afastando a alienação. Exato. Acho que o caminho mais plausível para evitar a violência em todos os seus níveis é a consciência. Precisamos nos dar conta do ser complexo que somos e não nos deixar levar pelos vícios e preconceitos da sociedade.

Difícil é entender as mensagens que a vida nos manda. Ainda estamos aqui, não é verdade? Ainda há muito o que aprender. As mensagens nos chegam a todo instante e não conseguimos decifrá-las. Por essa razão precisamos quebrar padrões da nossa mente e nos abrir para novas compreensões.

Parabéns pelo texto e obrigada também pelo comentário que deixou em meu blog. Fico feliz de saber que, mesmo através de espaço tão pequeno, podemos tocar as pessoas e também nos deixar tocar pelos pensamentos delas.

Um abraço,
Chris